segunda-feira, novembro 30, 2015



 Taceo
O silêncio 
é palavra em espera.


sábado, setembro 18, 2010

Fiz teus dias brancos 

em noites intranquilas. 


domingo, novembro 22, 2009





Então eu era o nada
(entre os vãos:


até a peça invisível da casa),



o silêncio
à margem da mobília.







segunda-feira, novembro 10, 2008

Eram quatro paredes para sempre os mesmos atores: 

atuavam em cores cinzas,

vestiam-se de sentimentos brancos.

segunda-feira, junho 02, 2008

Insólito, 
ao apropriar-se do instante, 
contínuo, 
ao ver-se passar, 

pleno, 

à capturar crepúsculos.
Era o cheiro da cidade, 
talvez de Praga, 

e me devoravam Kafkas, 
amareladas noites da memória .
Pensei ter ouvido o canto de uma ave imensa na árvore das manhãs, 
mas amanhecera

e nada havia que anunciasse o dia.

sábado, fevereiro 10, 2007

Se atreve ao corpo de vidro, 
faz do gesto teu golpe, 
o reflexo ─ a palavra dita estilhaço.

terça-feira, outubro 10, 2006






Meus olhos,

milhares em mim.


segunda-feira, abril 24, 2006

À medida do meu corpo, a memória tece um edifício.

Guardada à sombra, 

minha tragédia iminente.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Tema monocromático, 
de palavra lápide e imensas esculturas em carvão.

Lugar

onde o sol nasce a oeste. 
E o norte? 

Não é real. 

Terra de limites, lá 
onde transgride o infinito.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

De complexos mapas 
e tesouros já esquecidos 

─ sou óbvio.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Q u a n d o o d e s e j o l h e a s s a l t a o v e n t r e e o f r i o l h e c o r r e a s c o x a s n i n g u é m v ê n o e s c u r o u m c o r p o o u m a i s c o r p o s e n t r e n o s s a s f o r m a s o b s cenas .

terça-feira, agosto 30, 2005

Ser faca em tua alma, 

servir o gozo ao ferro dos homens.

terça-feira, agosto 23, 2005

Alivia a dor da tua carne de carnaval 

despe 
e devora meu corpo depravado.

quinta-feira, agosto 18, 2005

De vidro,
o fragmento do dia, o caleidoscópico movimento da noite. 

Pisa, 
passa, triplica-me os cacos.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Nas horas da espera,
serviu-se da própria cabeça:


sem pressa,
distante,
levava o mundo dentro dos olhos.
Lâmina, 
língua: 

veludo em tua virilha.
Aberto, 
em cortes de palavras, 
como quem despreza teu vazio 

e vai te encher com as próprias horas.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Enfia o dedo goela abaixo, como se tentasse arrancar a alma que atormenta. Talvez, virar-se ao avesso, como se o verso para sempre acalmasse o corpo. E lhe pergunto se a sombra desse relato vale o sol, que por esse caminho torto, lhe segue, sega, seca e arde. Foi na rotina dos corpos que o teu se fez dolorido. Dor que não cessa, incansável, rasga a carne que lhe resta, atravessa o corpo e aguarda sentada em teus ombros a derradeira hora ─ tua morte.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Percorre a sombra levemente inclinada, aponta o oriente. 
De leve toque sobre a superfície: sutil. 

Em movimento lento: quase calma, quase 

silêncio. 

Algo se agita, 
e espelhos flagram o vulto de Varèse: 

são os limites deste céu, 

as paredes do poema. 
Enquanto cego, tateia o poeta 

a luz corredor adentro.

segunda-feira, abril 05, 2004

posfácio: 
não há o que o desvende.